Não se trata de vingança, chamo-lhe desprezo apenas. Vou fazer com que tu sintas aquilo que eu senti durante anos: indiferença. Só em escrever este texto já te estou a dar demasiada importância. Não consigo sequer olhar para a tua cara, metes-me nojo. Durante anos e anos fizeste com que eu me sentisse um mero objeto que tu usavas apenas para recolher informações. Eu delirava contigo, eu amava-te como ninguém. Não vales nada. E mais uma vez podes fazer tudo, nada te acontece. Não vais ler isto, mas espero que tenhas bem noção que nunca mais me voltas a pôr a mão em cima como se realmente fosses meu pai. Nem penses sequer em tentar encostar a cara à minha para que eu te cumprimente. Ouve bem isto. Eu quero-te distante. E é aí que vais ficar, longe. Vou fazer de tudo, mas de tudo para que fiques pior do que eu, naqueles tempos. Tenho-te raiva, já nem amor lhe consigo chamar. Já tive pena que nunca me pudesses levar ao altar no dia do meu casamento ou mesmo fazer cara de mau quando me visses com o meu namorado sabendo que estou feliz. Agora quero-te longe, bem longe de mim. Vive a tua vida e deixa a minha. Estou farta de guerras. Quero que desapareças. Eu era pequena e tu não quiseste saber de nada por que eu passava e agora teimas em mandar em mim só porque no registo civil diz que és meu pai. Agora, acabou. Percebeste? ACABOU. Vai embora, desaparece.