Só eu sei a porcaria toda por que me fizeste passar. Só eu me lembro das vezes em que adormecia na companhia das lágrimas que escorriam pelo meu rosto abaixo sem eu dar conta. Só eu sei as saudades que tive tuas e a vontade que me deu de te ir buscar e propor-te uma saída só de pai e filha. Eu sei bem os sonhos que ainda tinha na cabeça que te incluíam e as vezes que esperei que me viesses buscar e me dissesses que não me largarias novamente. Também sei do medo que tinha de sair contigo e com ela, má e bruxa tal como as madrastas dos desenhos animados. Foste um fraco, não vales NADA, e metes-me nojo de tanta covardia que o teu corpo e coração (se é que ainda o tens) estão cheios. Desiludes-me todos os dias. Não há um único em que eu me sinta orgulhosa do pai que tenho, exatamente porque nunca o tive. Pois olha, não sei se agora o quero ter. Não sabes dirigir-te a mim como um pai, não sabes sequer sorrir nem procurar por quem deixaste há muitos anos. Eu não sei como é possível deixar-se um filho, não sei mesmo! Dás-me pena, não tens nada, não és feliz, não és nada. E o pior de tudo é que foste tu que assim escolheste. Eu prometi a mim mesma que me ia esforçar ao máximo para não chorar mais por ti, e não choro. Tenho raiva de ti, enojas-me! E irritas-me ainda mais por eu conseguir falar assim do meu próprio pai que nunca deu uso a este fantástico grau de parentesco. Felicidades.