Foi hoje o dia em que o meu coração acordou literalmente aos pulos. Senti que não o conseguia aguentar lá dentro por muito tempo e por isso respirei fundo. Abri os olhos e respirei para me acalmar. Foi o sonho mais estranho que pelo meu sono passou. Eu voltei a ver-te depois de tantos anos, tão perto de mim, tão próximo que mal consegui reagir. Por instantes imagens passaram-me pela cabeça, recordações há muito colocadas no fundo da caixa. E isso fez-me agir, fez-me enfrentar o meu maior receio, aquele que me destruía completamente o coração de cada vez que se aproximava de mim. Eu gritei, gritei até ficar sem voz e disse tudo o que tinha ficado guardado durante muito tempo. Magoava de cada vez que uma leve brisa fazia mover algo de cá de dentro. E desta vez, eu consegui falar. Gritei-te, abanei-te o corpo porque parecia que não me estavas a entender. E fiz com que ficasses com uma lágrima nos olhos. Eu vi o teu olhar brilhante, tão magoado como o meu. Mas sobretudo, de arrependimento. E consegui dizer-te, eu amo-te pai. Tu paraste completamente de tentar soltar-te dos meus braços e olhaste-me com um receio enorme de me abraçar. Logo de seguida, eu acordei com a desilusão de tudo se tratar de um sonho. O meu sonho. E ainda me senti pior: enquanto eu penso em ti presente na minha vida, tu nem te lembras que tens aqui "a tua pequenina" que adorava enrolar-se dentro do teu casaco em noites frias, e sentar-se no teu colo a observar-te. Pois olha, a melhor coisa que podias ter feito era abraçar-me com a máxima força que tivesses e dizer-me que ainda me amavas também. Tornavas o meu sonho muito melhor. Até depois.