Um dia, numa tarde de verão, observo um pequenino que brincava sozinho na praia. Pequenino mesmo, simpático, sozinho. Eu, sentada na toalha e com mais de um metro de altura, brincava sozinha também. Não havia por lá meninos da minha idade para brincarmos juntos. Exceto este. A partir de um semana de tardes passadas juntos nas brincadeiras de criança, a ida à praia acompanhada por ti começava a tornar-se hábito. E assim foi até hoje. Assim foi desde os 9 (ou menos) até aos 18 anos de hoje. As coisas pequeninas que faziam parte de cada idade começaram a ser partilhadas por nós e todos os anos tinham de passar rápido porque era da praia que estávamos à espera. Era dos mergulhos, era do fazer de conta que eu me afogava para tu me salvares, era das conversas super importantes para nós naquela altura. Tudo cresceu de uma forma tão natural que se tornou algo imprescindível. E todos os anos acontece o mesmo, já não brincamos com baldes nem pás de plástico, mas existe sempre algo que nos liga e nos faz ficar juntos. Só que as coisas mudam e, às vezes, nós não podemos deixar mudar. Temos de ser fortes. E ouve, eu gosto muito de ti, gosto mesmo. És especial, único, meu amigo. És o meu pequenito de infância. Mas para já, só isso. Só isso mesmo. Não dá para mais.