De um momento para o outro as coisas mudam como se uma rajada de vento levasse para lá aquilo que pertence aqui. As vontades alteram-se, a paciência diminui e cá estamos nós em situação decadente e triste por uma simples razão de afeto. Uma vez disseram-me que não chegava amar muito uma pessoa para se continuar com ela. Eu fiquei admiradíssima. Como era isso possível? Então não é o amor que está na base de um relacionamento? Não. Realmente não chega. Se não soubermos construir todos os dias um bocadinho para formarmos um grande edifício, ele nunca se constrói sozinho. E ao longo dos tempos com as chuvas e as tempestades ele cada vez se degrada mais e mais, e fica frio e sozinho no meio do nada. É assim que acontece com as relações também. Elas degradam-se quando não lhe damos importância. Sabes? Eu não preciso de lamechices todos os dias, não preciso de um namorado melado e demasiado chato. Eu só preciso de alguns mimos, algumas palavras no momento certo. Eu preciso de romantismo na hora acertada e carinho. Preciso de uma mão que me tire do fundo e me torne grande de tantos carinhos e meiguices. De uns abraços e da ternura que dantes havia. Preciso de um bocadinho daquilo que dantes tinha e que agora parece que se esgotou de repente. Se não tens, então prefiro não ter nada.