Havia dias em que as saudades apertavam e a vontade de te ver mais uma vez voltava. Havia dias que eu chorava por só ter mãe e ter um pai que não se interessava por mim. Um pai protetor e super carinhoso que me abraçava e dava colo como se ninguém pudesse tocar na sua bebé pequena: era eu. E depois existiam as noites. Aquelas que eu adormecia com saudades e com vontade de sonhar para poder pensar, apenas durante um bocadinho, que tinhas voltado para a tua menina de sempre e afinal não tinhas ido embora. Mas como os sonhos não são reais, eu acordava e ficava triste uma vez mais. Tu não voltas, tu foste e ficaste. E agora tudo o que eu peço é não te ver mais, pelo menos para já. Sempre que se fala em ti as lágrimas voltam ao sítio de onde há uns tempos atrás não queriam sair; e sempre que te vejo, cá dentro, destrói-se tudo num só segundo e magoa tanto, mas tanto! Eu não quero regressar à angústia de anos anteriores, não quero ser mais um boneco para experiências. Magoa, sabes? Eu sei que ultimamente não tens sentimentos, mas acredito que sofras tanto como eu. Não tenho pena, eu era uma criança, não um adulto com idade para ter juízo como tu. Foram tempos, foram alturas em que os sentimentos ainda valiam de alguma coisa e a cabeça raciocinava. Agora tudo passou, até parece que nunca ninguém amou! Dói, desculpa, mas não vou deixar que magoes mais e mais como se isto não custasse cá dentro. Eu ainda sinto, ainda choro, ainda fico triste, não sou nenhuma pedra fria sem emoções. Até logo.