Foi à cerca de um mês. Comprei um postal a dizer "Adoro-te" e tencionava escrevê-lo e fazer dele uma surpresa fofinha e cheia de amor. As palavras não faltavam e eu até pensava em como escrever tão pouco naquele grande pedacinho de papel e dizer tudo de uma só vez. Era impossível que ficasses a saber o quanto significas para mim e muito menos aquilo que sinto quando estou contigo. Sentimentos não são palavras. São ações e gestos. Torna-se impensável passar para o papel. Mas eu ia tentar. Eu andei uma semana a pensar no que escrever e em como resumir para te dizer tudo. Não consegui. Não consegui sequer dar-te o postal porque não estavas comigo. Nem o escrevi. Guardei-o na mala do computador para escrever um dia à noite antes de dormir. Passou-se um mês e ele continua no mesmo sítio. Todos os fins de semana o transporto. Não tenho vontade de o escrever. Não tenho sequer forma de te explicar o que és para mim porque só me tens desiludido ultimamente. Olho para o postal e guardo-o no mesmo sítio na esperança de um dia me apetecer escrevê-lo. Até lá vou apenas transportá-lo de lá para cá e de cá para lá e esperar que me faças outra vez suspirar por ti.