Estava deitada na cama enquanto me falavas do teu pai sentada na minha colcha de pernas cruzadas à chinês. Reclamavas de ele querer sempre falar contigo ao telefone todos os dias, até mesmo quando estava quase a dormir. Contavas que ele ficava chateado quando lhe pedias para desligar pois tinhas de descansar, e sorrias. Via nos teus olhos que eras a menina dele, filha única. E senti saudades. Notava-se que gostavas que isso acontecesse e tinhas orgulho nesse pai mimado. Era ciumento e protegia-te. Sentia a tua falta só porque passavas uma semana fora de casa. Desligava o telefone só quando tinha a certeza que estavas bem e perguntava-o centenas de vezes até perceber pela tua voz que realmente estavas bem. Sorrias e abanavas a cabeça como forma de protesto. E eu pensava 'que sorte, quem me dera poder reclamar por uma razão destas'. Notava-se nas tuas expressões faciais as saudades que ias ter quando ele fosse embora. Os olhos encheram-se de água quando do outro lado te disseram a data da partida. Mas tu reclamavas. Reclamavas com vontade de o ter por perto para o beijinho de boa noite, mesmo tendo tu 19 anos. Acredita, é bom poder ter um pai assim. Enquanto os teus olhos brilhavam de alegria, eu observava-te e sentia saudades desses mimos. Ele adora-te Jéssica, aproveita!