segunda-feira, 4 de maio de 2015

Passou mais de um ano até conseguir voltar cá. Mas reparei que este cantinho me faz quase tanta falta como tu. Foi por ti que comecei esta luta sem sentido nenhum, esta luta só minha. Por isso ponho-me a pensar que se calhar foi por mim e não por ti. Se calhar só existem lágrimas aqui e nada aí. Gostava de saber se ainda pensas em mim, ou se tens uma vida tão ocupada que nem sequer te passa pela cabeça que tens mais dois filhos do lado de cá. Deixaste aqui a tua pequenina. Deixaste sozinha a pessoa que sem ti não consegue passar um dia. Uns dias com raiva, outros com tristeza, mas tu vais estando sempre aqui. Será que não sentes o mesmo que eu? Eu era a menina do papá. Esperava-te tantas vezes à porta até tu chegares a casa. Chorava quando a mãe me repreendia por algo e gritava o teu nome porque sabia que quando chegasses vinhas perguntar quem tinha feito mal à tua menina. E eu ficava tão protegida que era sempre por ti que esperava. E agora? Espero e não voltas. Não voltaste nunca mais desde aquele dia em que saíste com as tuas coisas de casa e deixaste uma menina de 6 anos sentada na cama a ver-te fugir. Foi o que fizeste. Fugiste de tudo, incluindo de mim. Eras a última pessoa que me ia deixar. A última. E foste a primeira. Quase sem hesitar, saíste. E nunca mais voltaste. Tenho saudades, pai. 


1 comentário:

Mariana Santos disse...

Nunca é justo quando a última pessoa a abandonarmos seja aquela por quem temos agarrado todos os bocadinhos de nós. Não devia ser permitido. Espero que a pequenina que vive dentro de ti, para sempre, à espera da sua volta continua sempre a sorrir. E a ter força e coragem de limpar as lágrimas sempre que o coração entristecer.

Espero que nunca mais fujas!! Estarei sempre cá também.
Um bejinho